A BURGUESIA E A PROPRIEDADE PRIVADA


No pensamento político de Hobbes  e de Rousseau, a propriedade privada não é um direito natural, mas civil. Mesmo que no estado de natureza (em Hobbes) e no estado de sociedade (em Rousseau), os indivíduos se apossem de terras de outros indivíduos, essa posse é o mesmo que nada, pois não existem leis para garanti-las. O direito civil, ao contrário, assegura a posse por meio das leis. Porém, isso não era suficiente para a burguesia em ascensão, mas isso não era suficiente para o obtenção do poder político, que estava nas mãos dos reis.

Eles precisavam de uma teoria que os legitimasse e que fosse tão ou mais forte que o do sangue e da hereditariedade da realeza. Precisavam de um fundamento natural para garantisse o seu poder. A teoria que atendeu aos interesses da burguesia foi a da propriedade privada como direito natural, feita pelo filósofo inglês John Locke (1632-1704). Ele partiu da definição do direito natural como direito à vida, à liberdade e aos bens necessários para a conservação de ambas. Esse bens são conseguidos pelo trabalho.

O argumento de Locke:

Deus é um artífice, um obreiro, um arquiteto que fez uma obra: o mundo. O mundo é domínio é propriedade de seu criado. Ora, Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, deu-lhe o mundo para que nele reinasse e, ao expulsá-lo do Paraíso, não lhe retirou o domínio do mundo, mas lhe disse que o teria com o suor do seu rosto. Se o Universo, fruto do trabalho divino, é propriedade privada de Deus, as coisas do mundo, fruto do trabalho humano, são propriedades privada do ser humano. Por isso, de origem divina, ela é produto natural.

Portanto, para Locke, o Estado existe a partir do Contrato Social e sua principal finalidade é garantir o direito natural de propriedade. Se todos nascem iguais perante Deus, quem é pobre é porque é irresponsável e não trabalha. Essa é base do  liberalismo político e econômico. Adam Smith (1723-1790). Max Weber (1864-1920).


O filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) dirá que a propriedade privada não é um direito natural e que o Estado, não é resultado de um contrato social, isto é, o Estado não é resultado de um acordo entre todos os cidadãos. Ele dirá que o Estado foi formado para proteger as pessoas que tem propriedades e, que todas as leis criadas dentro do Estado são feitas para defender o interesse dessas pessoas, dessa elite. A isto, Marx dá o nome de alienação política, os cidadãos comuns não conseguem perceber que o Estado é uma aparência por trás da qual se encontra a realidade, que é o fato de existir uma elite que controla e oprime os mais fracos usando a máscara do Estado.

Postagens mais visitadas