ATIVIDADE 2 (3º ANO): "Rebelião contra o governo dos pensamentos"(Marx & Engels)
Mural de Diego Rivera em Detroit (1932)
A Ideologia Alemã, obra de Karl Marx e
Friedrich Engels da qual foi retirado o trecho a seguir, foi escrita entre 1845
e 1846. Nesse excerto, defende-se a ideia de que a consciência dos indivíduos e
suas ideologias são produtos das condições materiais de sua existência
concreta, não constituindo, portanto, conceitos independentes.
“É possível
distinguir os homens dos animais pela consciência, pela religião [...]. Mas
eles mesmos começam a se distinguir dos animais logo que principiam a produzir
seus meios de subsistência, um passo que é condicionado por sua organização
corporal. Produzindo seus meios de subsistência, os homens estão produzindo,
indiretamente, sua própria vida material.
[...] A
maneira como os indivíduos expressam suas vidas é a sua maneira de ser. Assim,
o que eles são coincide com a sua produção, tanto como o que eles produzem, quanto com o modo como produzem. A natureza dos indivíduos depende, então, das
condições materiais que determinam sua produção.
A produção
de ideias, de concepções, de consciência é, a princípio, diretamente
entrelaçada com a atividade material e o intercâmbio material dos homens, a
linguagem da vida real. Conceber, pensar os intercâmbios mentais dos homens,
nesse ponto, aparece como a emanação direta de seus comportamentos materiais. O
mesmo se aplica à produção mental, como se expressa na linguagem da política,
das leis, da moralidade, da religião e da metafísica de um povo. Os homens são
os produtores de suas concepções, ideias etc. – os homens reais, ativos,
conforme são condicionados por um determinado desenvolvimento de suas forças
produtivas e do intercâmbio correspondente a essas, até alcançarem suas formas
mais elaboradas. A consciência nunca pode ser nada mais do que existência
consciente, e a existência dos homens é seu próprio processo de vida. Se os
homens e suas circunstâncias aparecem de cabeça para baixo, como numa câmara obscura, em todas as ideologias,
esse fenômeno surge do processo de vida histórico, assim como a inversão dos
objetos na retina surge de seu processo de vida físico.
[...] Isso
quer dizer que não partimos do que o homem diz, imagina ou concebe, nem do modo
como o homem é descrito em narrativas, pensado, imaginado, concebido, a fim de
chegarmos ao homem de carne e osso. Partimos dos homens reais, ativos, e,
assim, com base em seu processo real de vida, demonstramos o desenvolvimento
dos reflexos e ecos ideológicos desse processo de vida. Desse modo, os
fantasmas que se formam nos cérebros humanos são, necessariamente sublimações
de seu processo de vida material, que é verificável empiricamente e fundado em
premissas materiais. Portanto, a moralidade, a religião, a metafísica, assim
como todo o resto das ideologias e suas formas correspondentes de consciência,
não conservam mais o seu semblante de independência. Elas não possuem uma
história, um desenvolvimento; são os homens que, desenvolvendo suas produções
materiais, alteram junto com tais processos sua existência real, seu pensamento
e os produtos de seu pensamento. Não é a vida que se determina pela
consciência, mas a consciência que é determinada pela vida. No primeiro método
de considerar as coisas, o ponto de partida é a consciência tomada como
indivíduo vivo; no segundo, são os próprios indivíduos vivos por si mesmos,
como eles são nas suas vidas, e a consciência é considerada unicamente como
consciência deles.”
MARX, K.; ENGELS, F.; A Ideologia Alemã; in MARCONDES,
D. Textos básicos de Filosofia; Zahar,
p. 136-138, Rio de Janeiro, 2007
ATIVIDADE
1. Segundo o texto, qual é
o principal elemento que diferencia o ser humano dos demais animais?
2. Qual é o método
proposto e seguido pela teoria de Marx e Engels?
3. Você concorda com a declaração:
“Não é a vida que se determina pela consciência, mas a consciência que é determinada
pela vida”? Justifique.
4. Explique como os
conceitos de liberdade e necessidade aparecem nesse texto.
Fonte:
MELANI, Ricardo. Diálogo: primeiros estudos em filosofia. Ed. Moderna, São Paulo, 2016.